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Por Ana Paula Cardoso

 

No mês de junho, protestos espalhados por todo o Brasil chamaram a atenção da mídia nacional e internacional por seu expressivo número de participantes e multiplicidade de pautas e reivindicações. Contudo, não podemos ver este fenômeno, que na certa ficará marcado na história do país, como algo que surgiu de repente, quase que por passo de mágica.

A imagem de milhares, milhões até, de pessoas, jovens em sua maioria, saindo às ruas em protestos que tiveram sem dúvida grande contribuição das mídias sociais para sua realização, crescimento e repercussão, e que muitas vezes são duramente reprimidos, nos remete não só ao atual cenário brasileiro, como também nos faz lembrar os não tão distantes levantes “Primavera Árabe”, no Oriente, os “Indignados” da Espanha, e, o “Occupy Wall Street” nos EUA. 
No final de 2010, uma série de protestos eclodiu no Oriente Médio e no Norte da África em decorrência das altas taxas de desemprego e preço elevado dos alimentos, provocados pela crise econômica mundial, o que agravou a insatisfação desses povos em ralação a seu sistema de governo e líderes autoritários, levando-os às ruas em greves, passeatas e manifestações organizadas através das mídias sociais, depois utilizando-se das mesmas para divulgar ao mundo o que acontecia nos Movimentos.
O que ficou conhecido como “A primavera Árabe” resultou na queda de quatro governantes: Ben Ali na Tunísia deposto em janeiro de 2011, Hosni Mubarak, no Egito, renunciou em fevereiro de 2011, depois de 17 dias de intensos protestos. Muamar kadafi primeiro líder morto na Primavera Árabe, dia 20 de outubro de 2011, e, Ali Abdullah Saleh no Iêmen, que renunciou dia 23 de novembro de 2011 em troca da segurança dele e família. e aumento das chances de se adotar regimes democráticos através de lutas que ainda não cessaram.
Com o lema “Da indignação à rebelião”, os “Indignados” da Espanha saíram às ruas em abril de 2011 contra o desemprego, a corrupção, cortes orçamentários e aumento de impostos. Contudo, alguns meses depois do início dos protestos, o Movimento já não atraia o mesmo número de participantes, mesmo o desemprego continuando a crescer e medidas de austeridade terem sido tomadas.
 O “Occupy Wall Street” realizado em Nova York desde 17 de setembro de 2011 é um Movimento que se iniciou na busca por denunciar o aumento da desigualdade social, o protecionismo e a interferência do capital financeiro na Política norte-americana, mas que hoje já conta com pautas que passam desde o custo da saúde até a política entre palestinos e israelenses.

#O SURGIMENTO

No Brasil, a onda de protestos começou na cidade de Natal, com a chamada “Revolta do Busão”, em setembro de 2012, contra o aumento da passagem de ônibus e que ganhou força a partir de outro movimento que estava ocorrendo na cidade, o “Fora Micarla” que exigia a renúncia da prefeita, acusada de corrupção.

Em 2013 foi a vez de Porto Alegre sair às ruas contra o aumento no preço das passagens de ônibus, seguido de Goiânia, mas, foi só quando as manifestações ocorreram em São Paulo, através do Movimento Passe Livre, que a insatisfação com o transporte publico ganhou maior repercussão nacional, em parte também devido à truculência com que o Movimento foi reprimido,  e a partir daí começaram a surgir protestos e manifestações pelo país inteiro, desde as pequenas cidades até as grandes capitais. 
Depois da onda de protestos, mais de 50 cidades anunciaram cortes no valor da tarifa do transporte público (entre estas, 14 capitais).  Porém, os manifestantes, em sua maioria jovens, continuam indo às ruas por melhoras na saúde, educação, segurança, contra a PEC 37 e a corrupção, e levantando bandeiras como o feminismo e o movimento LGBT.

Bem diferente do que aconteceu com o “Fora Collor” e as “Diretas já”, as manifestações no Brasil em 2013 tem sido muito criticadas por não ter um só objetivo definido, o que, de certa forma, dificulta a compreensão desses Movimentos e pode fazê-los “perder o foco”, porém, esta heterogeneidade de ideais reflete nossa sociedade moderna, onde cada vez mais pessoas tem acesso a mais e mais informação, estão mais “conectados”.

As redes sociais estão em plena expansão e se constituíram em uma ferramenta de grande importância para o crescimento das Manifestações nesses tempos de modernidade, dando voz e vez a todos aqueles que desejam construir um movimento mais participativo e plural.

 

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